domingo, 10 de agosto de 2014

A Rua dos Cataventos - Mario Quintana

Mario Quintana - Blog João do Rio
Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.
Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.
Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arrancar a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!

2 comentários:

  1. Pior é que o poeta está certo: vamos sendo assassinados aos poucos por pessoas, situações... e vamos deixando de lado a alegria e nos tornando quem não imaginávamos que seria... MAS... o resgate da poesia a qualquer tempo é o momento oportuno para vivificar o ser e manter acesa a luz que nunca deve se apagar.
    Obrigada pela luz dessa poesia!
    Abraço, linda semana!

    ResponderExcluir
  2. Oi, Jussara.
    Poesia é mágica que resgata, relata, faz sonhar com poucas palavras.
    Grande abraço do Universo

    ResponderExcluir